‘BBB selvagem’ flagra animais de 26 espécies em extinção em matas de SP

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Via G1 Ribeirão Preto

Pesquisadores da Faculdade de Biologia da USP de Ribeirão Preto (SP) encontraram animais de 26 espécies ameaçadas de extinção sobrevivendo em áreas preservadas de cerrado na região.
Tamanduá-bandeira, onça-parda, anta, veado-catingueiro e lobo-guará são alguns dos bichos flagrados pelo estudo, que se utilizou de câmeras para monitorar por dois anos a vida selvagem na Estação Ecológica de Jataí, em Luís Antônio(SP), na Floresta de São Simão (SP) e na Floresta Estadual de Cajuru (SP).

De acordo com o professor e pesquisador Adriano Chiarello, o objetivo inicial do grupo foi descobrir, por meio da captação de fotos segundo a segundo, a ocorrência do tamanduá-bandeira, mamífero de grande porte que se alimenta de formiga e cupim e que está ameaçado de extinção.
Os dois anos de estudo apontaram que a presença do tamanduá é duas vezes maior em áreas protegidas pelo poder público ou as chamadas Áreas de Preservação Permanente (APP). Outra surpresa foi constatar que o mamífero também está presente em até 40% das redondezas desses ambientes.
“A nossa principal descoberta é que este animal está presente em praticamente 45% dos pontos que analisamos. A gente imaginava que um animal ameaçado como ele estivesse presente em 5% ou 10% da paisagem. O segundo ponto é que os resultados indicam que ele depende muito do grau de proteção das áreas”, afirma

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Tamanduá-bandeira é visto em parque ecológico carregando filhote (Foto: Reprodução/Projeto ocupação da paisagem do nordeste de São Paulo).

Espécies em extinção
Além do tamanduá-bandeira, o “BBB selvagem” revelou outras surpresas entre 2013 e 2015, tais como a jaguatirica, a onça-parda, o lobo-guará, o porco-do-mato e a anta, todos animais listados como ameaçados no Estado de São Paulo.
A anta brasileira, alvo frequente de caças, é um animal de grande porte que chega a atingir 250 quilos. Pelas fotografias, o professor conclui que, até o momento, apenas um indivíduo adulto foi identificado.
“A gente constatou a presença dela na Estação Ecológica de Jataí. Por mais de 30 anos não se tinha registro dessa espécie na região, então foi uma surpresa. A gente ainda não sabe o tamanho da população”, diz Chiarello.

Preservação de cerrado
O mapeamento leva os pesquisadores a defender que o cerrado preservado é fundamental para manter as espécies.
O gestor da Fundação Florestal, Edson Montilha de Oliveira, explica que o estado de São Paulo tem menos de 1% do cerrado protegido. Só a Estação Ecológica do Jataí possui quase 10 mil hectares – a maior do Estado- preserva a fauna e a flora típicas de 100 anos atrás.
“Os representantes de cerrado tipicamente que existiam no passado estão representados no Jataí. Você tem o lobo guará, a anta. Entre 2010 e 2011, durante um trabalho de rotina de fiscalização da área, nós começamos a encontrar pegadas de anta aqui na unidade. Isso mostra que a unidade tem integridade ecológica”, diz.

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Anta também está entre animais em extinção que foram redescobertos por pesquisa da USP de Ribeirão Preto (Foto: Reprodução/Projeto ocupação da paisagem do nordeste de São Paulo).

A próxima etapa da pesquisa é avaliar a resistência dos animais em ambientes menos favoráveis, desprovidos de vegetação nativa.
O lobo-guará e a onça-parda, por exemplo, circulam em áreas com agricultura, enquanto o tamanduá-bandeira vive em ambientes de vegetação nativa e de agrossilvicultura – que combina espécies florestais com culturas agrícolas.
“O que acontece quando você tem só 10% de vegetação nativa na paisagem? Até que ponto uma fauna sobrevive numa região desprovida de vegetação? Essas informações a gente ainda não tem e é o que a gente vai pesquisar nas próximas etapas do projeto”, afirma.

Onça parda é fotografada durante pesquisa da USP de Ribeirão Preto (Foto: Reprodução/Projeto ocupação da paisagem do nordeste de São Paulo).
Onça parda é fotografada durante pesquisa da USP de Ribeirão Preto (Foto: Reprodução/Projeto ocupação da paisagem do nordeste de São Paulo).
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Onça parda é fotografada durante pesquisa da USP de Ribeirão Preto (Foto: Reprodução/Projeto ocupação da paisagem do nordeste de São Paulo).
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Adriano Chiarello é professor de biologia da USP em Ribeirão Preto (Foto: Fábio Júnior/EPTV).

 

Para ver a reportagem na íntegra acesse: G1 Ribeirão Preto

 

 

 

 

 

 

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