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Iprodione: o fungicida que está matando as abelhas

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Via Greenme

A nova ameaça para as abelhas é um fungicida, o iprodione, usado amplamente em pomares frutíferos, hortas e produções de leguminosas, plantas ornamentais, jardins e gramados. Ou seja, é hoje o fungicida mais usado mundo afora, seja puro ou misturado com outros e, mata as abelhas mesmo quando usado em diluição significativa.

As abelhas e outros insetos polinizadores, fundamentais para as plantas que são polinizadas por insetos para poderem gerar frutos (para nossa alimentação), estão morrendo em uma taxa anual que beira os 30% da população, chegando ao ponto de se inviabilizar a reposição natural de colônias. As causas de morte dos polinizadores são variadas e vão desde as alterações climáticas ao uso de pesticidas diversos.

O iprodione é só o mais novo inimigo: este fungicida tem como missão acabar com o ataque fúngico aos pomares de amendoeiras e seu uso está indicado contra Botrytis, Minilia, Rhizoctonia, Sclerotinia. Mas, não só as abelhas serão afetadas já que o iprodione pode causar problemas pulmonares para quem está perto dos locais de pulverização, e ainda problemas hepáticos, renais, de baço, de testículos e próstata para além de problemas endócrinos. É possível também que seja carcinogênico para os seres humanos.

Tudo isso está explícito aqui na PPDB – Base de dados de propriedades de pesticidas da Universidade de Herdfordshire. Mesmo assim, este fungicida foi classificado pela OMS e a US-EPA como “ligeiramente tóxico”.

O que significa “ligeiramente tóxico”?

É difícil de se entender o que significa “ligeiramente tóxico” quando este fungicida vem matando as abelhas das regiões onde é pulverizado (e abelhas não são fungos, ao que me parece), em efeito direto (e, até 48 h da pulverização) e em efeito residual (em até 10 dias da pulverização) e que este efeito é ainda mais nefasto (rápido e extenso) quando ocorre sinergia com outros fungicidas, o que é comum.

Veja aqui o estudo “Os Efeitos Sinérgicos dos Fungicidas de Proteção de Amêndoas em Abelhas de Mel (Hymenoptera: Apidae) Sobrevivência de Forrageiros” que fala desse assunto, realizado em uma universidade do Texas proximamente.

Ah! Mas sabe o que é pior nisso tudo? É que não adianta você, no seu quintal ou sítio, cuidar das abelhas, não usar agrotóxicos, etc, se o entorno pulveriza.

Então, a luta é ampla, meu caro. Temos que conseguir que todo mundo pare de usar qualquer tipo de agrotóxico pois, não há sustentabilidade em ilhas – ou o planeta é sustentável ou a humanidade sucumbirá (primeiro que outras formas animais, sabia?).

Iasmim Amiden

Jornalista e Coordenadora do Programa Oásis da Ecoa.

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