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Notícias do clima

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Via Clima Info

SARNEY FILHO CONTRA A RETALHAMENTO DE ÁREAS DE CONSERVAÇÃO AMAZÔNICAS
Na semana passada falamos aqui de um projeto de lei da bancada do Amazonas que quer roubar um milhão de hectares das últimas cinco Unidades de Conservação criadas pela então Ministra Izabella Teixeira. O assunto foi objeto de uma entrevista com a ex-ministra e repercutiu em jornais europeus. Ontem, um artigo do Globo dizia que Sarney deve se reunir, na semana que vem, com Eliseu Padilha, que dizem apoia o projeto de lei. Em nota ao Globo, Sarney disse que é contra o projeto de lei e que conversou com o governador do Amazonas que também se posicionou contra o esquartejamento das UCs.
Faz parte da história parlamentar deste país, um grupo avançar seus interesses meio que na surdina enquanto as grandes manchetes estão atrás do próximo pescoço da Lava Jato ou do eterno retorno à caçada a Lula e Dilma.
http://oglobo.globo.com/…/ministerio-tenta-reverter-reducao…

O PESO DO AGRONEGÓCIO NA ECONOMIA É PROPORCIONAL AO ÍNDICE DE DESMATAMENTO
O IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) comentou na semana passada um estudo publicado na Global Environmental Change que correlacionou o sucesso de políticas de controle do desmatamento com o peso que o agronegócio tem na economia do país. Como esperado, a correlação é bastante forte. Para não ficar só com nossos ruralistas amazônicos, o estudo verificou a mesma correlação no Chaco argentino e no Chiquitano boliviano. Para não falar da nossa Mata Atlântica e, mais recentemente, do Cerrado. Uma das conclusões do estudo é que “a preservação presta importantes serviços ecossistêmicos, incluindo a manutenção de clima e água favoráveis à produção agrícola, e essa questão deve ser levada em consideração para a continuidade do próprio negócio, principalmente em fronteiras agrícolas”.
http://www.sciencedirect.com/…/article/pii/S0959378017300109
http://ipam.org.br/politicas-de-controle-do-desmatamento-d…/

DESMATAMENTO E VENTOS MUDAM PADRÃO DE CHUVAS NA AMAZÔNIA
Uma tese de doutoramento e um artigo publicado ontem mostram que em áreas desmatadas, o vento determina como o regime de chuvas muda: vai chover 25% mais em áreas vento abaixo e 25% menos em áreas vento abaixo. A comparação é com a média das áreas desmatadas. A modelagem mostrou uma influência mínima da variação climática decenal de larga escala (large-scale decadal climate variability). Outro resultado importante é que, na estação das secas, a rugosidade do terreno desmatado também influencia as condições hidroclimáticas, o que não acontece na estação das chuvas nem em áreas florestadas.
Para os ruralistas ávidos por novas áreas na floresta o alerta: desmatar altera rapidamente os padrões de chuva da área e, portanto, a produtividade esperada da lavoura.
O ministério do bom senso recomenda: desmatar causa sérios prejuízos ao seu bolso. Sem falar no resto da humanidade.
http://www.observatoriodoclima.eco.br/desmatamento-encurra…/
http://www.nature.com/…/vaop/ncurrent/full/nclimate3226.html
http://gradworks.umi.com/10/19/10195046.html

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PARANDO BELO SUN
As licenças que o projeto de mineração de ouro ganhou da Secretaria de Meio Ambiente do Pará estão na mira do MPF. Os promotores foram até a Volta Grande do Xingu para ver as condições das comunidades locais que deviam estar recebendo o suporte do pessoal de Belo Monte. O MPF-PA informou que esteve em março de 2016 na região para verificar como estavam vivendo as famílias ribeirinhas depois de iniciada a operação da hidrelétrica de Belo Monte e verificou-se que as comunidades locais viviam em situação de abandono. A mesma situação foi encontrada com as populações indígenas da Volta Grande do Xingu. O órgão constatou que as famílias também desconheciam o que estava ocorrendo com o rio e por causa disso “elas estão sendo conduzidas a mudar radicalmente seu modo de vida e passar pelo temor de não conseguir permanecer no local”, segundo diz a nota do MPF.
Serão convocados a participar da audiência, marcada para ocorrer no dia 21 de março, no Centro de Convenções de Altamira, o Ibama, a Semas, a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Norte Energia. O evento será aberto ao público e instituições que estejam interessadas.
https://www.brasildefato.com.br/…/ministerio-publico-do-pa…/

A SECA EM BRASÍLIA
O Secretário do Meio Ambiente do DF, André Lima, publicou um artigo no Correio Braziliense de ontem. Nele, Lima faz um chamado para as diferentes esferas do governo do DF se mobilizarem diante de uma crise que junta as mudanças do clima com sucessivos governos movido pela grilagem de terras públicas e construções irregulares que caracterizam a expansão urbana da região. “Perdemos quase 60% da vegetação do Distrito Federal, principalmente nas áreas periurbanas de Brasília”, escreve. O secretário fecha o artigo falando do processo para aprovação do novo Zoneamento Ecológico Econômico para concluir que “precisaremos do apoio da sociedade e da Câmara Legislativa, que a representa, para que esse importante instrumento de gestão ambiental entre em vigor. Carecemos de um novo pacto político e social pela água, pelo clima e pelo cerrado no DF. As crises da água e do clima que vêm se apresentando não nos dão outra opção.”.
http://www.semarh.df.gov.br/…/3466-crises-h%C3%ADdrica-e-cl…

PREFEITO DÓRIA CHAMADO A CUMPRIR A LEI DE UM TRANSPORTE PUBLICO 100% RENOVÁVEL
São Paulo tem uma lei (14.933/2009) que prevê que em 2018, a frota municipal de transportes públicos seja 100% movida por fontes renováveis. Ontem o Greenpeace publicou uma nota cobrando o prefeito João Dória quanto ao cumprimento da lei. O momento é superoportuno porque o prefeito vai, nos próximos meses, contratar as empresas de transporte coletivo para a próxima década ou duas. Na cidade existem ônibus elétricos – antigos e novos a bateria, a biodiesel de cana e outras variações. Mas contam-se nos dedos o tamanho desta “frota”. Vamos ver se o Dória está mais para Trump do que para aqueles que brigam por um Brasil de baixo carbono.
http://www.greenpeace.org/…/prefeito-joo-dria-v…/blog/58774/

HOJE O LANÇAMENTO DA PLATAFORMA BRASILEIRA SOBRE BIODIVERSIDADE E SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS
A PPBES (Plataforma Brasileira sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos) será lançada hoje. A Plataforma pretende integrar dados de pesquisas sobre o meio ambiente no país todo e disponibilizá-los para a formulação de políticas públicas. A Plataforma integra o IPBES (Intergovernmental Science-Policy Platform on Biodiversity and Ecosystem Services). O primeiro trabalho a ser desenvolvido até o final do ano que vem será o Diagnóstico Brasileiro sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos. A missão da Plataforma é “produzir regularmente sínteses do melhor conhecimento disponível pela ciência acadêmica e saberes tradicionais sobre Biodiversidade, Serviços Ecossistêmicos e suas relações com o bem-estar humano e promover diálogos com os diferentes setores da sociedade”.
http://www.bpbes.net.br/
http://www.fapesp.br/10786
http://www.diretodaciencia.com/…/fapesp-lanca-base-de-dado…/

SENSAÇÃO TÉRMICA ACIMA DE 50°C NO LITORAL DO PARANÁ
Aqui no Brasil, temperaturas acima de 50°C lembram a caatinga, o interior do Piauí e, quando não venta, algumas praias do Nordeste. Mas não. Na semana passada, a sensação térmica chegou a 55°C em Guaratuba e a 58,3°C em Antonina, no litoral do Paraná.
http://www.gazetadopovo.com.br/…/sensacao-termica-chega-a-5…

SCOTT PRUIT CONFIRMADO DIRETOR DA EPA
A notÍcia é da sexta passada: o senado americano aprovou a indicação de Scott Pruitt para a diretoria da Agência de Proteção Ambiental (EPA). Foi um dos nomes mais contestados entre os indicados por Trump. Dois democratas votaram a favor esperando ganhar benesses de Trump para as fontes fósseis que seus estados produzem. Uma republicana do estado do Maine, o mais a Nordeste do país, votou contra. A expectativa é de um desmonte da Agência e várias regulações saindo da esfera federal e voltando para os estados. E um retrocesso brutal na política climática com a possível retirada dos gases de efeito estufa da responsabilidade da EPA. O pesadelo começou.
http://edition.cnn.com/…/…/politics/senate-epa-scott-pruitt/

A MUDANÇA DO CLIMA NA REUNIÃO DA OTAN SOBRE SEGURANÇA
A reunião sobre segurança internacional virou manchete por conta de ser o primeiro evento internacional importante do qual o governo Trump participa. Trump mandou o vice-presidente, o petro-secretário de estado e o de defesa dar o recado de que os EUA continuam a apoiar a OTAN desde que os outros países pinguem mais dinheiro. Mas os três tiveram que escutar a chefe de relações internacionais da União Europeia dizer: “Estamos certos de que precisamos de mais do mesmo? Não sei. Quando se investe em desenvolvimento, quando se investe em lutar contra as mudanças do clima, também se está investindo em sua própria segurança”. Também ouviram o secretário geral da ONU, Antonio Guterres, destacar que a mudança do clima e o crescimento populacional são as duas maiores tendências a afetar a segurança mundial.
http://www.climatechangenews.com/…/mogherini-to-mattis-in-…/
https://www.securityconference.de/…/what-is-happening-at-t…/

OS RISCOS IMPEDEM UMA QUEDA NO PREÇO DO NUCLEAR
Às vezes os mercados são sábios. O custo de financiar a construção de uma usina nuclear inclui a percepção de riscos que o mercado tem a respeito desta fonte. E, no momento, esta percepção diz que o risco é bem alto. Um artigo na Financial Times aponta que a indústria nuclear dificilmente vai conseguir atender um pedido do governo britânico de baixar o preço da energia da nova usina nuclear em Hinkley Point em pelo menos 15% a 20%. O diretor do Centre for Climate Finance and Investment da Imperial College Business School explica que dada a percepção de risco da indústria nuclear e os custos financeiros decorrentes, será difícil para os proponentes da usina se acertarem com o governo. Em comparação, o diretor, falando das fontes renováveis, mostra que o mercado oferece múltiplas linhas competitivas de financiamento de longo prazo como uma clara indicação de que o mercado entende que os riscos são significativamente menores.
Foi este mesmo sinal do mercado que acabou por derrubar o CEO da Toshiba na semana passada depois que a empresa teve que anunciar um prejuízo de US$ 6,3 bilhões na sua divisão nuclear.
https://www.ft.com/con…/b7da05e8-f501-11e6-95ee-f14e55513608
http://money.cnn.com/…/inves…/toshiba-nuclear-business-loss/

UM MERCADO DE CARBONO INÓCUO
Desde a crise de 2008-09, a Europa vem crescendo lentamente. Um dos efeitos colaterais da crise foi derrubar o preço do carbono no EU ETS, o mercado de carbono europeu, porque existiam mais permissões para emitir do que emissões reais. A partir de 2012, o pessoal do EU ETS prometeu relançar o mercado em novas bases para tornar o preço do carbono um instrumento eficaz na transição para uma economia de baixo carbono. Mas não deu. As regras da prometida reforma foram aprovadas pela União Europeia esta semana. E o mercado de carbono nem deu bola. As regras saíram frouxas o bastante para as grandes indústrias emissoras, como siderurgia e cimento, comemorarem o pífio impacto que as regras trarão. O preço do carbono continuou em torno de €5 por tonelada de carbono, o mesmo dos últimos anos e muito abaixo dos €30 que muita gente acha o mínimo para que o carbono apareça realmente nas planilhas de decisão de investimentos.
Para se preparar: se a gente decidir abrir um mercado de carbono, a indústria vai usar os mesmos argumentos que a indústria europeia usou para neutralizar seu impacto: o produto nacional não será competitivo internacionalmente e investimentos e empregos serão deslocados para outros países.
http://www.climatechangenews.com/…/market-shrugs-as-eu-law…/

CAÇA ESPORTIVA AMERICANA CONTRA TRUMP
O lobby das armas nos EUA é extremamente forte, como as campanhas de desarmamento por lá sabem muito bem. Uma parte importante deste grupo é o pessoal da caça dita esportiva. Este pessoal está batendo de frente com uma das promessas de campanha do Trump: a venda de terras públicas. Trump e um bando de republicanos ficam irritados com a quantidade de terras do governo, na forma de parques e reservas indígenas. Dizem, como muitas vezes os nossos ruralistas, que o país está perdendo dinheiro não pondo estas terras para produzir. E olhe que lá, nem sempre se trata de privatizar a terra. No estado de Utah, republicano de carteirinha, uma proposta de transferir terras da união para o estado foi dinamitada por ambientalistas e caçadores. Os dois grupos temiam que esta transferência fosse abrir o caminho para mineradoras e frackeadoras. O setor de recreação ao ar livre nos EUA movimenta cerca de US$ 640 bilhões. Isto é quase dez vezes mais que a indústria do carvão. E o setor é um dos poucos em que não existe a linha divisória entre republicanos e democratas. Um desses conservadores republicanos amante do ar livre disse que “estou indo cada vez mais para a esquerda por causa desta questão”.
Em tempo, não vemos esportividade nenhuma na caça e pesca que matam animais.
http://www.reuters.com/…/us-usa-environment-sportsmen-insig…

POLUIÇÃO ASSOCIADA COM DEMÊNCIA E PARTOS PREMATUROS
A literatura científica começa a produzir evidências que ligam a poluição do ar com a prevalência de demências na população. Sabe-se que as causas mais importantes parecem ser a genética, o fumo, a vida sedentária, os traumatismos e acidentes vasculares cerebrais. Dráuzio Varella escreveu um artigo na semana passada falando da poluição do ar, especificamente das pequenas partículas classificadas como PM2,5, como uma das causas importantes. As primeiras evidências apareceram em cães na Cidade do México que, velhos, deixavam de reconhecer os donos e outros sintomas demenciais. As autopsias descobriram as mesmas placas da proteína beta-amiloide do Alzheimer. Daí, foram se juntando outras evidências na população humana que deixam pouca dúvida da correlação. Nas palavras de um dos pesquisadores: “A poluição do ar deve ser entendida como a fumaça do cigarro: não existe limite de segurança”.
Outro achado triste é a correlação entre os níveis de poluição e o nascimento prematuro de bebes. A pesquisa em escala global detectou claramente um aumento nos casos de partos prematuros conforme o nível de poluição. Estes achados são reforçados pelo enfrentamento das mudanças do clima na medida em que, nos ambientes urbanos, a fonte de poluição e a fonte das emissões de gases de efeito estufa é a mesma: a queima de combustíveis fósseis.
http://www.sciencedirect.com/…/article/pii/S0160412016305992
http://www.climatechangenews.com/…/air-pollution-linked-to…/

A PRIMEIRA FOME OFICIAL DESDE 2011
Ontem o Sudão do Sul declarou oficialmente que 100.000 pessoas estão morrendo de fome. O que significa que muitos já morreram. E que um milhão estão à beira de. É o resultado de uma guerra civil que, dentre outras, foi o motivo da criação do país e de uma crise econômica causada por uma estiagem que já dura anos. A ONU, por meio da UNICEF e do Programa Alimentar Mundial, diz que 4,9 milhões de pessoas estão à beira da inanição. A declaração oficial de fome habilita o país a receber mais ajuda humanitária.
https://www.theguardian.com/…/famine-declared-in-south-sudan
http://www.bbc.com/news/world-africa-39025927

O IMPACTO DA REDUÇÃO DO OXIGÊNIO DISSOLVIDO NA VIDA MARINHA
Na semana passada falamos de um artigo da Nature que dizia que a concentração de oxigênio dissolvido no mar tinha diminuído 2% nos últimos 50 anos e pode baixar 7% até o final do século. Parece pouco… para quem não é peixe. Como estes valores são médios, significa que em certas regiões, a perda de oxigênio é bem maior, como no Ártico. Também há uma mudança na concentração na vertical, com as águas superficiais mais ricas em oxigênio do que em águas mais profundas. O aquecimento global aumenta o gradiente de concentração entre raso e profundo. Assim, a vida marinha vai se espremendo nas faixas mais superficiais, intensificando a competição por comida, reduzindo a quantidade de peixes e outros organismos marinhos.
https://www.theguardian.com/…/fish-under-threat-oxygen-depl…
http://www.nature.com/…/jo…/v542/n7641/full/nature21399.html

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