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Pantanal: 10 fatos que você precisa saber sobre as casas construídas com/para ribeirinhos

9 minutos de leitura

Texto originalmente publicado em 1 de junho de 2017

– São moradias montadas com paredes de placas de material reciclado e sistemas que protegem principalmente as crianças.

– O projeto demandou pesquisas cuidadosas, particularmente com relação aos materiais e também a condições de montagem e desmontagem. Os sistemas são apropriados para áreas inundáveis.

– Quatro foram montadas na região da Serra do Amolar, na comunidade conhecida como Barra do São Lourenço, localizada a montante de Corumbá, MS, a sede do município, sendo somente alcançada de barco (freteiras), em uma viagem de 30 horas.

1. As pesquisas e o desenvolvimento do projeto tomaram mais de 2 anos. Esteve à frente do trabalho uma equipe de jovens arquitetos sob a coordenação de Juliano Thomé e Bruno Pasello, à época recém chegados de sua graduação na França. A coordenação geral foi do diretor presidente da Ecoa, André Siqueira.

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Juliano Thomé e Bruno Pasello após construção do projeto piloto (Foto: Iasmim Amiden)
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André Siqueira, diretor presidente da Ecoa, foi o coordenador geral do projeto (Foto: Juliano Thomé)

2. Um projeto piloto foi desenvolvido para a Associação de Mulheres do Porto da Manga, localidade também às margens do rio Paraguai, mas a jusante de Corumbá. A execução desse projeto piloto levou a modificações importantes na concepção as quais foram aplicadas na Barra do São Lourenço.

Projeto piloto construído no Porto da Manga, Corumbá (Foto: Bruno Pasello)
Projeto piloto construído para a Associação de Mulheres do Porto da Manga (Foto: Iasmim Amiden)
Projeto piloto construído para a Associação de Mulheres do Porto da Manga (Foto: Iasmim Amiden)

3. A estrutura conta com sistema para captação de água de chuva, essencial para os períodos em que o rio Paraguai ‘apodrece’ – no fenômeno conhecido como decoada -, quando se torna impossível o seu uso. Tem também banheiros e sistemas individuais de tratamento de esgoto.

Telhado inclinado para captação de água da chuva (Foto: Iasmim Amiden)
Telhado inclinado para captação de água da chuva (Foto: Iasmim Amiden)
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Sistema para tratamento de esgoto em moradia adaptada (Foto: Álvaro Junior)

4. O tempo gasto para montagem completa de cada unidade é de 8 dias. As placas modulares e a fixação com parafusos permitem o trabalho no ambiente, sendo o processo facilmente apreendido e executado pelos moradores.

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Toda a casa é feita por fixação em parafusos (Foto: André Siqueira)
Placas modulares de material reciclado (Foto: André Siqueira)
Placas modulares de material reciclado e à prova de foto (Foto: André Siqueira)

5. A casa, construída em sistema de palafitas para proteção frente a ataques de animais e cheias como a deste ano (2017), pode ser desmontada e transferida de local sem danos aos materiais. Essa característica é fundamental devido às alterações ambientais que levam os ribeirinhos a mudarem o local de moradia.

Elevação em palafita para fazer frente as cheias (Foto: Iasmim Amiden)
Elevação em palafita para fazer frente as cheias (Foto: Iasmim Amiden)
O sistema de palafitas oferecem segurança aos moradores (Foto: Iasmim Amiden)
O sistema de palafitas oferece segurança aos moradores (Foto: Iasmim Amiden)

6. As paredes, piso e telhado são de material reciclado e à prova de fogo, água e cupins. Sendo reflexivo, ele protege contra as altas temperaturas comuns na região, trazendo conforto térmico.

Material reflexivo permite maior conforto térmico (Foto: Iasmim Amiden)
Material reflexivo permite maior conforto térmico (Foto: Iasmim Amiden)
Material é resistente ao fogo, água e cupins (Foto: André Siqueira)
Material é resistente ao fogo, água e cupins (Foto: André Siqueira)

7. Nas janelas, portas e em todas as aberturas telas de nylon protegem contra a ‘mosquitaria’, comum em boa parte do ano. O ganho maior é das crianças com a diminuição de problemas de pele e pulmonares, estes devido ao uso da fumaça intensa para espantar os mosquitos.

Telas de nylon protegem contra os mosquitos (Foto: Iasmim Amiden)
Telas de nylon protegem contra os mosquitos (Foto: Iasmim Amiden)
Telas em todas as aberturas da casa (Foto: André Siqueira)

8. O projeto e a execução têm por base demandas da Associação de Moradores da Barra do São Lourenço. A proposta surgiu a partir do projeto Mapeamento de eventos climáticos extremos no Pantanal, análise de seus efeitos sobre populações vulneráveis, capacitação local e elaboração de propostas mitigatórias, que identificou os danos causados pela excepcional e repentina cheia em 2011, ano em que muitas famílias perderam parte de seus bens.

Proposta surgiu de demanda da Associação de Moradores (Foto: Ieda Bortolotto)
Proposta surgiu de demanda da Associação de Moradores (Foto: Ieda Bortolotto)
Moradores pediram por casas adequadas à região (Foto: Iasmim Amiden)
Moradores pediram por casas adequadas à região (Foto: Iasmim Amiden)

9. O projeto contou com o apoio de várias instituições, tanto para sua elaboração quanto para execução, dentre elas o Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público Federal (MPF), Receita Federal, Secretaria do Patrimônio da União, ligada ao Ministério do Planejamento, o Departamento de Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Câmpus Pantanal (UFMS/CPAN) e a Marinha do Brasil.

Procuradora Maria Olívia (MPF) com Joana, moradora da nova casa adaptada (Foto: Iasmim Amiden)
Procuradora Maria Olívia Junqueira (MPF) com Joana, em nova casa adaptada (Foto: Iasmim Amiden)
Parceiros do SPU em visita às casas (Foto: Iasmim Amiden)
Parceiros do SPU em visita às casas na comunidade da Barra do São Lourenço (Foto: Iasmim Amiden)

10. Para a viabilização das moradias, outras medidas foram necessárias, dentre elas:

– A emissão de Termo de Autorização de Uso Sustentável (TAUS) para as famílias da comunidade.
– Reconhecimento e identificação territorial através de trabalho da UFMS e ECOA.

Trabalho contou com  viabilização do TAUS para moradores (Foto: Iasmim Amiden)
Trabalho contou com viabilização do TAUS para moradores (Foto: Iasmim Amiden)
Ecoa e UFMS trabalharam juntas no processo de  reconhecimento e identificação territorial (Foto: Ieda Bortolotto)
Ecoa e UFMS trabalharam juntas no processo de reconhecimento e identificação territorial (Foto: Ieda Bortolotto)

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